A chegada de Felipão ao Grêmio: aposta arriscada em meio à crise
A contratação de Luiz Felipe Scolari pelo Grêmio gerou diversas reações no mundo esportivo. Em meio a uma crise severa no Campeonato Brasileiro da Série A, a escolha pelo veterano técnico é vista com reservas. Muitos torcedores e analistas acreditam que, embora Felipão tenha um currículo vitorioso, sua chegada pode não ser suficiente para solucionar os problemas profundos que o clube enfrenta — e, se os erros persistirem, o risco de rebaixamento será real.
O que começou com Renato Gaúcho no início de 2021 indicava uma temporada promissora. No entanto, após sua saída, diferentes metodologias de trabalho foram aplicadas, sem sucesso. Agora, a volta de Felipão é interpretada por parte da imprensa como uma solução emergencial, uma tentativa de “tapar buracos” que pode dar certo — mas que também pode representar um custo desnecessário a longo prazo.
O cenário é alarmante: com apenas dois pontos conquistados até então, o Grêmio amarga as últimas posições da tabela e precisa urgentemente reagir para afastar o fantasma do rebaixamento, algo que seria devastador para uma instituição de história tão gloriosa no futebol brasileiro.
Felipão e a responsabilidade de reconstruir em terreno minado
Assumir o comando da equipe em meio à disputa de um Gre-Nal é, no mínimo, um enorme desafio. O clássico contra o Internacional, sempre carregado de rivalidade e tensão, é conhecido como a “guerra do Rio Grande do Sul” — e qualquer erro pode custar muito caro, tanto em termos de classificação quanto de moral.
Felipão sabe que precisa montar uma equipe equilibrada, que consiga se defender bem e, ao mesmo tempo, atacar com eficiência para surpreender o maior rival. A tarefa não é simples, ainda mais considerando o ambiente de pressão e o pouco tempo de preparação.
Apesar das críticas sobre seu estilo de jogo considerado “ultrapassado” por alguns setores, é inegável que Scolari construiu uma carreira marcada por títulos expressivos, tanto em clubes quanto na seleção brasileira. Por onde passou, colecionou conquistas e, acima de tudo, mostrou habilidade para liderar grupos em momentos complicados.
Essa experiência pode ser a chave para tentar tirar o Grêmio da crise. O treinador precisa, no entanto, se adaptar às necessidades atuais do futebol, que exige dinamismo, flexibilidade tática e capacidade de reinventar a equipe diante de novos cenários.
A necessidade de respaldo e paciência
Felipão terá que lidar com um elenco limitado em termos de opções, e a torcida, acostumada a grandes conquistas, terá que entender que o processo de reconstrução não será imediato. A diretoria também precisa oferecer respaldo ao treinador, permitindo que ele implemente suas ideias sem a pressão de resultados instantâneos.
Ainda que a vitória no Gre-Nal seja crucial para iniciar uma recuperação, mesmo que o Grêmio saia vencedor, não conseguirá deixar a zona de rebaixamento imediatamente. Isso evidencia o tamanho do buraco em que o clube se encontra e reforça a necessidade de uma campanha consistente nas próximas rodadas.
Portanto, a meta inicial é clara: somar pontos o mais rápido possível, recuperar a confiança do elenco e reorganizar o time dentro de campo. A torcida terá um papel fundamental, apoiando o time nesse momento tão delicado.
O longo caminho até a redenção
Se por um lado o trabalho de Felipão é cercado de desconfiança, por outro há uma ponta de esperança. Afinal, o Grêmio é um clube acostumado a superar adversidades e voltar mais forte. Há quase três décadas sem conquistar o Campeonato Brasileiro, a torcida sonha com uma volta por cima histórica, embora saiba que, no cenário atual, o principal objetivo é escapar da queda para a Série B.
Para isso, serão necessárias mudanças significativas: ajustes táticos, reforço emocional do elenco e, talvez, contratações pontuais que possam dar ao time o fôlego necessário para a reta final da competição.
Felipão terá que resgatar não apenas o futebol do Grêmio, mas também seu espírito combativo. Com sua liderança e experiência, ele pode ser o nome certo para acalmar os ânimos, reorganizar o elenco e reconduzir o Tricolor a uma posição mais condizente com sua tradição.
Conclusão: entre a esperança e o risco
A aposta em Felipão é de alto risco, mas também pode render altos frutos. Se conseguir unir o elenco, impor sua filosofia e adaptar seu estilo às demandas do futebol atual, Scolari poderá ser lembrado como o técnico que salvou o Grêmio de um dos momentos mais delicados de sua história recente.
Resta agora observar os próximos capítulos dessa história — que começa, com toda a tensão possível, em um dos clássicos mais intensos do futebol brasileiro.