Abel Braga fecha porta para clubes brasileiros

Abel Braga fecha porta para clubes brasileiros

28 de abril de 2022 0 Por dudex

Abel Braga deixa o Fluminense e encerra seu ciclo no futebol brasileiro: torcida espera novo fôlego com Marcão

Em mais um capítulo conturbado na história recente do Fluminense, o técnico Abel Braga pediu demissão do comando da equipe, encerrando mais uma passagem por um grande clube do futebol nacional. Em meio a um clima de indefinição sobre o futuro tricolor, o experiente treinador comunicou que não pretende mais comandar clubes brasileiros, abrindo a possibilidade apenas para futuras experiências no exterior.

Após conquistar o título do Campeonato Carioca, Abel parecia ter começado bem a temporada. No entanto, a sequência de resultados ruins nas competições continentais, como a eliminação precoce na pré-Libertadores e a campanha instável na Copa Sul-Americana, minaram o clima no clube e desgastaram a relação com a torcida. A intensidade que sempre marcou as equipes comandadas por Abel deu lugar a atuações apáticas e com pouca criatividade ofensiva.

Uma saída que reflete a falta de rumo no Fluminense

A saída de Abel Braga escancarou a falta de um projeto claro por parte da diretoria do Fluminense. Após um título estadual comemorado com entusiasmo, o clube não conseguiu manter o mesmo nível de competitividade nas disputas mais importantes da temporada. A equipe mostrou-se frágil contra adversários teoricamente inferiores e, mesmo com um elenco razoavelmente reforçado, não conseguiu se impor.

Abel chegou com a missão de montar uma equipe sólida defensivamente e competitiva o suficiente para disputar as principais competições do continente. A ideia era equilibrar a experiência de jogadores mais rodados com a intensidade tática que sempre caracterizou seu estilo. Entretanto, a execução desse plano ficou aquém do esperado, e a equipe não conseguiu evoluir ao longo das semanas.

Estilo de jogo perdeu força com o tempo

Historicamente, Abel Braga sempre foi reconhecido por montar equipes aguerridas, com muita entrega física e comprometimento tático. Mas, nesta última passagem pelo Fluminense, o time demonstrou pouca capacidade de criar jogadas claras e, sobretudo, de sustentar resultados em momentos decisivos. O problema não era apenas técnico, mas também psicológico: o Fluminense mostrava-se nervoso, apático e sem soluções durante os jogos.

As críticas da torcida começaram a se intensificar após as eliminações na pré-Libertadores e as atuações irregulares na Sul-Americana. Mesmo diante de adversários acessíveis, como Unión Santa Fe e Oriente Petrolero, o tricolor não conseguiu desempenhar o futebol esperado. A exceção foi o confronto contra o Junior Barranquilla, no qual a equipe teve momentos de maior lucidez, mas que não foram suficientes para resgatar a confiança do torcedor.

Mais vitórias do que derrotas, mas sem brilho

Curiosamente, a estatística final de Abel Braga nesta passagem pelo Fluminense mostra mais vitórias do que derrotas. No entanto, os números não refletem o que se viu dentro de campo. A ausência de intensidade, a dificuldade de criação e a instabilidade defensiva foram marcas que comprometeram a campanha. O título carioca foi o único alento de uma trajetória que prometia mais do que entregou.

A saída de Abel, nesse contexto, não chega a ser surpreendente. Com o ambiente já desgastado, a mudança no comando técnico era vista por muitos como inevitável. Para o treinador, esse desligamento também simboliza o encerramento de um ciclo: ele afirmou que não pretende mais treinar clubes brasileiros, preferindo se afastar do cotidiano desgastante do futebol nacional.

Marcão assume com missão de reorganizar o time

Com a saída de Abel, o Fluminense aposta mais uma vez em Marcão para assumir interinamente o comando da equipe. Figura já conhecida e respeitada pelo elenco e pela torcida, ele terá a missão de reorganizar o time, resgatar a competitividade perdida e recuperar a confiança dos medalhões, que nos últimos jogos mostraram queda de rendimento.

A expectativa da torcida é que Marcão consiga fazer o time voltar a jogar com vontade, garra e comprometimento — características que estiveram ausentes nas últimas semanas. A esperança é que, com mais identidade e menos pressão externa, o Fluminense consiga reagir no restante da temporada e, quem sabe, ainda brigar por objetivos mais ambiciosos.

O legado e o futuro

Abel Braga deixa o Fluminense com mais uma taça no currículo e um histórico de serviços prestados ao clube, mas também com o sentimento de que poderia ter feito mais. Seu legado é respeitável, mas sua última passagem deixa dúvidas sobre a continuidade de sua carreira como treinador.

O momento agora é de reconstrução. O Fluminense precisa reorganizar seu planejamento, definir uma filosofia de jogo clara e, sobretudo, encontrar um treinador capaz de desenvolver o elenco e extrair o melhor de cada jogador. A temporada ainda está em andamento, e o torcedor, embora frustrado, mantém a esperança de ver o tricolor competitivo novamente.