Renato Gaúcho pode talvez se despedir do Flamengo

Crise no Flamengo: da esperança com Renato Gaúcho à fúria da torcida

O ambiente de crise no Flamengo já vinha se desenhando nas últimas semanas, fruto de uma sequência de más atuações e resultados decepcionantes. Apesar do início promissor de Renato Gaúcho à frente da equipe, com uma série de vitórias avassaladoras, a situação mudou drasticamente. Contratado em julho para substituir Rogério Ceni, Renato parecia ser a solução para recolocar o clube no caminho dos títulos. No entanto, o panorama mudou rapidamente.

A estratégia adotada por Renato Gaúcho foi um dos principais fatores que alimentaram o desgaste. O treinador optou por priorizar as competições eliminatórias, como a Copa do Brasil e a Libertadores, deixando o Campeonato Brasileiro em segundo plano. Com o Atlético-MG mantendo uma campanha sólida e consistente, o Flamengo viu suas chances de conquistar o tricampeonato nacional consecutivo diminuírem a cada rodada.

Essa escolha de prioridades não foi bem digerida por parte da torcida, que viu o desempenho no Brasileirão despencar. A situação piorou de vez com a eliminação na Copa do Brasil diante do Athletico-PR. Nas duas partidas da semifinal, o Flamengo apresentou um futebol abaixo da crítica. No jogo decisivo, a derrota pelo placar elástico foi a gota d’água que consolidou a insatisfação da massa rubro-negra.

Torcida explode de vez

A relação entre Renato Gaúcho e a torcida do Flamengo, que já dava sinais de tensão, entrou em colapso após a eliminação. Até a metade do segundo tempo daquele confronto derradeiro contra o Athletico-PR, os torcedores tentaram apoiar o time, na esperança de uma reação. No entanto, diante da apatia em campo e da iminente eliminação, a paciência se esgotou.

As arquibancadas, que até então vibravam com cânticos de incentivo, se transformaram em um palco de protestos. Renato Gaúcho virou o principal alvo dos xingamentos. Gritos de “burro” ecoaram pelo estádio, além de pesadas críticas direcionadas à sua gestão e escolhas táticas.

Para piorar a situação, parte da torcida passou a reverenciar Jorge Jesus, o técnico português que marcou época no Flamengo em 2019 ao conquistar o Campeonato Brasileiro e a Libertadores. O coro tradicional de “olê, olê, olá, mister, mister!” voltou a ser entoado com força nas arquibancadas, uma clara demonstração de saudade e insatisfação com o momento atual.

A sombra de Jorge Jesus

Jorge Jesus sempre foi um nome forte entre os torcedores rubro-negros. Seu trabalho no Flamengo é lembrado como um dos mais vitoriosos da história recente do clube, tanto pelo número de títulos quanto pelo estilo de jogo ofensivo e envolvente que encantou o Brasil.

Durante a passagem vitoriosa de Jesus no comando do Flamengo, Renato Gaúcho, então técnico do Grêmio, chegou a fazer críticas públicas ao técnico português e à atenção que a mídia brasileira lhe conferia. Essa postura, vista hoje sob outra perspectiva, acabou aumentando o contraste entre os dois treinadores no imaginário popular rubro-negro.

Em determinado momento, Jorge Jesus chegou a ser cotado até para assumir a Seleção Brasileira, tamanho seu sucesso e prestígio no futebol nacional. No Flamengo, virou ídolo máximo. Já Renato, agora, sofre com a pressão e as comparações constantes, algo que se intensifica a cada tropeço da equipe.

Futuro incerto

A permanência de Renato Gaúcho no comando do Flamengo tornou-se altamente questionável. A perda da confiança da torcida, somada à falta de evolução no desempenho em campo, torna sua situação delicada. Apesar de ainda restar a final da Libertadores contra o Palmeiras, marcada para breve, o clima não é de otimismo.

A diretoria do Flamengo, que inicialmente bancou a permanência de Renato, também sente a pressão. A final continental será determinante para definir o futuro do treinador. Uma conquista poderia amenizar parte da crise e restaurar a confiança, mas uma derrota provavelmente tornaria insustentável sua continuidade no cargo.

Enquanto isso, os torcedores seguem divididos entre o desejo de novas glórias e a nostalgia do tempo em que Jorge Jesus comandava o time com mão firme e resultados expressivos.

O Flamengo, que parecia no caminho para uma era dourada contínua, hoje precisa lidar com turbulências que colocam em xeque seu projeto esportivo. Resta saber como o clube reagirá em meio a tanta pressão — e se Renato Gaúcho conseguirá reverter uma crise que ele próprio, em parte, ajudou a construir.